Nove da Manhã
Nove da Manhã Ela todo dia passava por mim. Eu trabalhava em uma lanchonete na rua São João. Todos os dias eu a via passando, sempre no mesmo horário. Ela tinha aquele cabelo longo e negro, parecia o céu a noite. Era séria, nunca a vi sorrir, mas não me parecia triste, seu olhar tinha um brilho diferente. Eu já estava tão atento que quando olhava no relógio e via os ponteiros marcando nove horas eu olhava pela entrada esperançoso, em segundos via aquela beleza atravessar rua, desviar de um camelô na calçada e subir a rua em direção a Igreja. Quando ela sumia do meu olhar, eu ainda continuava olhando o nada, suspirava de satisfação e era interrompido por alguém dizendo "Um italiano com caldo" Numa terça feira de maio algo atípico aconteceu. Me enrolei com a limpeza do balcão, quando vi a hora já eram nove e dez, a tristeza me pegou, não vi minha musa passar, o tempo foi traiçoeiro comigo "como sou burro", eu pensava. Me perdi nos meus pen...