Feridas (e confissões)



Sinto minha alma sair do corpo
Sinto como se assistisse minha vida do Alto
Sou espectadora
Não vejo futuros, ou porquês, ou certezas, ou dúvidas
Não vejo motivos para tudo isso
Não há razão, não há sentido

Todos morrem um dia, não é verdade?
Entao para que tudo isso?
Para que carreira, e pressões sociais?
Para que buscar a felicidade? Ou nossas ambições?  

Vejo machucados e cicatrizes em meu corpo
Cicatrizes e machucados que eu mesma fiz, 
na esperança de conseguir focar no agora. 

O passado e o futuro me corroem
E as vezes me sinto tão distante de mim
 e tão perto das dores que ambos me causam
que preciso me ferir para lembrar que só tenho o hoje, o agora.

sempre fiz isso
Sempre foi assim, desde criança 
Mas ultimamente tem acontecido com mais frequência 
O vazio e o nada são enormes
A apatia e dormência interior também 
Me sinto culpada pela falta de sentimentos 

Choro, choro compulsivamente 
Me tornei um zumbi
Ando nas ruas e vejo as pessoas
Como elas conseguem?
Como todos conseguem?
Como sobreviver a tudo isso?
Como faz para viver?

Só queria realmente sentir, seguir, viver
Ou então dormir, e não acordar
Só queria preencher o vazio com algo.
Não mais sentir dor
Não mais me ferir. 

Só queria seguir
Porque a vida não espera 
A vida segue
Com ou sem feridas abertas
Ela sempre segue

De: Jessica Siqueira Luiz 
Ps.: Esse foi um desabafo escrito em 2/06/2019, no que considero um dos piores dias da minha crise depressiva
Se você passa por algo assim ou parecido procure ajuda, não tenha medo ou vergonha. Sua vida importa, e você não está sozinho, acredite.  

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